UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE HISTÓRIA
Valdemir Mota de Menezes
FAMÍLIA ESCRAVA E TRABALHO
SANTOS
2011
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE HISTÓRIA
Valdemir Mota de Menezes
FAMÍLIA ESCRAVA E TRABALHO
Trabalho apresentado como requisito para avaliação parcial na disciplina de Metodologia e Pratica do Ensino da História II, sob a orientação da (ou do ) Profª Nanci Lancha Novo
SANTOS
2011
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .................................................................................. p. 4
RESUMO................................................................................................... p 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ p. 7
BIBLIOGRAFIA ........................................................................ p. 8
FAMILIA ESCRAVO E TRABALHO
APRESENTAÇÃO
Este trabalho é um resumo e uma reflexão sobre o trabalho de Robert W. Slenes e Sheila de Castro Faria que aprofundaram no Brasil a discussão sobre a constituição da família do escravo no período escravista do Brasil. Robert é professor do departamento de História da UNICAMP e Sheila professora de História da UFF. O resumo aqui exposto foi amplamente discutido no II Encontro de História da UFF, intitulada “Família Escrava e Trabalho”. Em específico tratou-se da questão cultural, genética, religiosa e geográfica que influenciaram na formação das famílias dos escravos deste período. Os pesquisadores que debateram esta questão procuraram trazer evidências históricas que emitissem luz no passado e mostrasse como viviam as famílias dos escravos e como eram os arranjos dos matrimônios entre eles.
RESUMO
Roger Bastide foi um dos historiadores brasileiros que defendia a visão histórica de que os escravos negros no Brasil praticamente não conseguiram constituir uma família nos modelos tradicionais com pai, mãe e filhos criando vínculos de família. Forestan Fernandes, outro adepto desta linha de interpretação também acreditava que os escravos viam no seu senhor a figura do PAI, portanto, era uma noção de família diferente do tradicional.
Estes historiadores seguiram o conceito corrente da sua época(anos de 1950 e 1960), tempo em que as correntes historiográficas norte americanas assim interpretavam o conceito de familia pelos escravos. Na década de 1970 em diante, outros pensadores, como Kátia Matosso, não tinha a mesma visão dos seus antecessores e acreditava que os escravos tinham sim, vontade livre, ainda que corpo prisioneiro e eram capazes de manterem-se em paz, desde que pudessem ter o vínculo familiar dentro da senzala.
Pesquisas têm mostrado, principalmente no eixo do Oeste Paulista, no período escravista, que os escravos tinham famílias estáveis, especialmente nas grandes propriedade. Não sendo aceita como verossímil a visão de Bastide.
No final do século XIX, os casamentos formais dos escravos passam a diminuir, talvez como um sinal do fim dos tempos escravistas. Cabe salientar que casamentos formais são aqueles que foram devidamente registrados pelos órgãos competentes, no caso, cartórios e nas igrejas. Já os casamentos consensuais são aqueles oriundos de um acordo informal das partes que consentiram em viverem juntos.
Outro aspecto relevante na questão da família escravista é que nas regiões onde os escravos estavam sendo importado a unidade familiar era mantida com mais freqüência do que nas regiões onde havia trafico de negros e exportação de mão-de-obra escrava. No final do século XIX o nordeste brasileiro e as fazendas da Virginia nos Estados Unidos, estavam com menos fôlego econômico e os seus escravos estavam sendo transferidos para outras áreas. No Brasil, o sudeste começou a receber mais escravos e o Estado americano de Louissiana se parecia mais com o Estado de São Paulo neste aspecto.
Florestan e Florentino levantaram duas hipóteses prováveis e totalmente divergentes: Florestan acreditava que destruindo a família, o escravo, sem referência iria submeter-se mais facilmente ao cativeiro por não ter uma razão e um princípio pelo qual lutar. Florentino, já via isso de outra forma. Acreditando que os senhores incentivavam a criação do núcleo familiar na propriedade para tornar os escravos mais pacíficos e vinculados com a propriedade, pois ali esta o seu referencial de vida, sua família. Assim é que o escravo que tem família se torna refém do seu senhor, pois fugir significa deixar a escravidão, mas também seus amados para trás.
Outras observações também podem ser feitas sobre a constituição da família escrava no Brasil, uma delas é com respeito aos grupos étnicos dos bantos e nagôs. Estes últimos, em maior número no Bahia, seriam uma das razões, segundo alguns estudiosos, de estarem nos centros de maiores conflitos, por ter uma natureza mais avessa a escravidão. Enquanto os bantos, que eram maioria do sudeste, estavam mais propensos a aceitar as condições adversas da vida. Havia também o estresse que a cidade provocava nesta relação de família e trabalho na vida do escravo. Nas propriedades rurais, os negros escravos estavam mais próximos da sua família, já na cidade, muitos estavam a disposição em escravarias e eram alugados, ficando mais tempo afastados das suas famílias, aumentando a tensão social.
Desde os anos de 1990 têm-se visto mais trabalhos acadêmicos voltados a encontrar estas famílias de escravos através dos registros históricos. Os estudos sobre a família do escravo no Brasil também apontaram número surpreendentes sobre o casamento entre pessoas de idades diferentes, jovens negros frequentemente casavam com escravas que já estavam na menopausa. Escravos mais velhos, provavelmente por terem melhores condições procuravam casar com escravas novas, e estas por sua vez queriam tais comodidades que podia representar uma vida mais sossegada e em certos casos a liberdade, no caso do próprio negro comprar sua liberdade, sendo que o escravo mais velho podia ter juntado condições para isso. Os casamentos endogâmicos (em que as partes tinham pelo menos um parente em comum) era outra característica da família dos escravos.
Muitas perguntas estão sem respostas no passado dos escravos, os dados que hoje temos são em sua maioria dos escravos do século XIX. Anteriormente a esta data, as pessoas não tinham interesse em registrar a vida dos negros, que eram vistos como coisas, objetos. Mesmo no século XVIII e XIX, já próximo a nossa era, havia poucos registros de casamentos legais, lavrados pelas paróquias, o que mostra o descaso social para com a figura do homem negro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em Paraibuna, São Paulo, no século XIX, uma escrava não aceitando as condições proposta no seu casamento oficializado pela igreja, procurou pelo seu senhor Luis Marinho Tolosa e com a ajuda da grande influencia deste na sociedade contemporânea e na igreja, conseguiu um fato inédito, o anulamento do casamento de uma escrava. Caetana, a escrava, preferiu a liberdade de ser uma escrava respeitada do que a vida humilhante de um homem livre. Na história da escravidão não há só dor e sofrimento. Há muitos relatos de respeito à dignidade humana, apesar da condição inferior do trabalhador escravo. O pior que podemos perceber nesta fase da história brasileira é que as famílias dos negros escravos estavam sujeitas a serem desfeitas por uma mera conveniência do seu senhor que poderia vende-los a senhores variados, desagregando a famílias e os laços de afinidade, por um mero capricho do seu proprietário. Infelizmente em um mundo, em que os valores econômicos sempre falaram mais altos, não é difícil imaginar que crueldades como estas tenham ocorrido com freqüência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GRAHAM, Sandra Lauderadale – “Caetana diz não”: histórias de mulheres da sociedade escravista brasileira, tradução Pedro Maia Soares, Ed. Cia das Letras, SP
Rosalina Rocha Araújo Morais, disponível em http://www.infoescola.com/sociologia/casamento/, acesso em 11/04/2011
http://pt.scribd.com/doc/19502759/Endogamia, acesso em 11/04/2011
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