Texto do professor Valdemir Mota de Menezes, o Escriba
Enquanto era interessante para o governo, os ricos fazendeiros e a Coroa Portuguesa, os escravos negros e indígenas eram mantidos no sistema de mão-de-obra útil para mover a economia. Quando o quadro mudou e outros interesses prevaleceram, a América passou a receber trabalhadores imigrantes oriundos em especial da Itália, Japão, Alemanha, entre outros países.
No período do Ciclo da Cana-de-açúcar, os fazendeiros do nordeste tinha a disposição os escravos para trabalharem nas lavouras que alimentavam os engenhos na produção de açúcar para exportação para a Europa. Com o declínio desta cultura, o café passou a ser a nova alternativa agrícola do Brasil, estando em meados do século XIX em franca expansão na região sudeste do Brasil.
No exterior, os movimentos abolicionistas cresciam cada vez mais e o tráfico de escravos passou a ser proibido. Entre os anos de 1840 e 1857 a maioria dos imigrantes eram oriundos da Itália. Estes vinha ao Brasil com a promessa de vida melhor, tendo os gastos da viagem custeado pelos fazendeiros de café. A proposta de trabalho aqui era baseada no conceito de parcerias. O imigrante cuidava da terra e da produção, com a venda da mercadoria, o lucro era divido entre o fazendeiro e o imigrante. Mas devido os abusos dos fazendeiros, as pessoas na Europa perderam o interesse de vir ao Brasil, pois o sistema na prática era de exploração da mão-de-obra dos estrangeiros. Mas ao final do século XIX o sistema de contratação de trabalhadores assalariados deu novo impulso a imigração. Estes imigrantes também abasteceram as fábricas com mão-de-obra especializada.
A importação de mão-de-obra da Europa era diametralmente oposta ao sistema de escravidão, quanto mais o sistema escravocrata perdia força, mais imigrantes eram atraídos para o Brasil. Este processo durou de 1850, quando foi proibido o tráfico de negros. Em 1871 os filhos de escravos eram livres por força da Lei. Finalmente no dia 13 de maio de 1888 a Lei Áurea, extinguia a escravidão no Brasil. Este processo durou 38 anos e foi o suficiente para mudar as bases da mão-de-obra na produção de bens no Brasil. Ainda hoje o Estado e a sociedade brasileira tem uma dívida indenizatória com os negros que foram alforriados, mas sem compensação pelos séculos de serviços prestados na construção do Brasil.